domingo, 17 de maio de 2009

NATIVOS VS IMIGRANTES DIGITAIS_DEBATE

Durante a fase de debate da actividade foram muitas as participações, o que veio favorecer a reflexão sobre o tema e o seu alargamento às nossas realidades, enquanto intervenientes educativos.
Deixo aqui uma selecção de intervenções dos colegas.


por Mª Filomena Grazina - Quarta, 25 Março 2009, 01:55

A meu ver todos os trabalhos tem o “dedinho” de professores, isto é, todos procuraram que mensagem transmitida fosse clara, respeitadora da perspectiva do autor e apelativa em termos gráficos. O resultado obtido penso que foi óptimo e, se todos aprenderam tanto como eu a trabalhar em conjunto em torno de um objectivo comum, então valeu mesmo a pena.

Respondendo às questões:
- Sendo a nova forma de aprender do estudante digital centrada nos "seus critérios e apenas sobre os seus interesses”que implicações terá esta característica na educação dos mesmos?

Concordando com o que a maior parte de vós já expos relativamente ao papel do professor, não posso deixar de referir que o ensino, directamente relacionado com a instituição escola, sempre se deparou com o problema de ser construído e regido por uma geração e destinado à geração seguinte. Se tivéssemos à nossa disposição uma máquina do tempo há 50 anos atrás talvez encontrássemos diferenças tão significativas e aparentemente tão irreconciliáveis entre professores e alunos, relativamente a valores e expectativas de vida, como as de hoje. Assim sendo, penso que é sempre possível a convivência entre os dois “mundos” desde de que, naturalmente, se façam “cedências” parte a parte. No caso Nativos “versus” imigrantes digitais os primeiros terão que prescindir da postura de que só faço o que me interessa e os segundos terão que procurar encontrar e utilizar as ferramentas facilitadoras das aprendizagens dos nativos.
No entanto, reconheço que provavelmente este problema é mais gritante actualmente porque a evolução é muito mais rápida e os seus efeitos não se fazem sentir no período de uma geração mas, se calhar, em apenas 10 ou 15 anos. Talvez por isso, hoje mais do que nunca, é confrangedor para qualquer professor o aparente desinteresse que a geração dos nativos tem para com a escola. Claro que os professores tentam “chegar” aos seus alunos mas será isso o suficiente? Não terá que se repensar a organização curricular existente, (talvez permitindo a existência de percursos diferentes)? Não será de repensar a organização por níveis em vez da tradicional turma?

- "Estará o novo estudante digital mais preparado para o futuro do que o imigrante digital?"
Do meu ponto de vista, claro que estará! Embora sendo uma imigrante não partilho da opinião de que no meu tempo é que era bom, como normalmente se ouve dizer. Assim como os que fizeram a tal 4ª classe em que se aprendia tudo hoje são incapazes de interpretar um gráfico, preencher um formulário, e engrossam as filas da Caixa Geral de Depósitos por não saberem usar as máquinas Multibanco, também os que não acompanharem o “progresso” serão excluídos do futuro, que se perfila digital.
As minha dúvidas e preocupações prendem-se com a capacidade de estabelecer e manter relações interpessoais e no respeito pelo trabalho dos outros, manifestado pela facilidade com que plagiam trabalhos e “piratiam” músicas, filmes, …


por João Carrega - Quarta, 25 Março 2009, 11:31

"Relanço, também, uma questão apresentada por um dos grupos "Estará o novo estudante digital mais preparado para o futuro do que o imigrante digital?" (Grupo Verde) O que pensam acerca desta questão?"
Penso que a impossibilidade de apresentar uma resposta taxativa a esta questão reside, em primeiro lugar, no facto de não conseguirmos saber com certeza o que vai ser o futuro. Numa análise superficial e ignorando a variável futuro, poderemos considerar que o estudante digital está, no mínimo, melhor preparado. Numa análise mais profunda, importa abordarmos três ideias fundamentais:
a) O futuro está a ser preparado por imigrantes digitais e não por estudantes digitais;
b) Os estudantes digitais estão a ser preparados por professores que são imigrantes digitais, com a agravante de, ainda recentemente, a Comissão Europeia ter apontado como meta urgente a preparação dos professores para o uso das TIC com fins educativos, seja ao nível da formação contínua, mas também ao nível da formação inicial, o que deixa antever que os professores que estão a ser formados ainda são imigrantes, pelo menos em termos de formação;
c) os imigrantes têm a vantagem de poder fazer um paralelo entre o digital e o Universo de Gutenberg, se é que me é permitido generalizar assim o período anterior ao digital. Os estudantes digitais não dispõem da experiência de vida que lhes permita fazer esse paralelo e tenderão a olhar para trás com um sentido negativo.
Tendo em conta estas ideias, penso que é, no mínimo, discutível se o estudante digital está melhor preparado para o futuro. No sentido do que referem os investigadores espanhóis Roig e Illera (2005), estará uma escola Low Tech preparada para formar estudantes/cidadãos para uma sociedade High Tech? Aqui é que poderá centrar-se a questão e não tanto na questão inicial, do estudante digital versus imigrante digital.
A este respeito, da escola, gostava de referir a seguinte ideia de Ruivo (2008): “Vivemos num novo milénio que pretende reconfigurar a sociedade, atribuindo-lhe um novo formato centrado em novas formas de receber e transmitir a informação, o que implica uma busca interminável do conhecimento disponível. Para alcançar tal objectivo, imputa-se à escola mais uma responsabilidade: a de contribuir significativamente para que se atinja o que se convencionou designar por analfabetismo digital zero. Para tal, a educação para a utilização das TIC precisa ser planeada desde o jardim-de-infância. Sem preconceitos ou desnecessárias coacções, sem substituir atabalhoadamente o analógico pelo digital, mas sim reforçando a capacidade cognitiva dos alunos e guiando a descoberta de novos horizontes”.


por Rui Fernandes - Segunda, 23 Março 2009, 20:46

Viva

A ideia de sermos considerados, porque não nascemos na era digital, de "transgénicos" digitais, cerebralmente adaptados, uns "mutantes tecnológicos", perturba-me. Mas, na verdade, aproximamo-nos disso. Se a tendência é para perder os dedos mindinhos ao longo das próximas (longínquas) gerações, por serem menos necessários e menos utilizados, talvez venhamos a nascer com um "chip" cerebral ou com adaptações cerebrais menos estruturais (como as de hoje) e mais físicas, devidas às tecnologias e aos nados nesta Idade Media. Todos nós, imigrantes digitais, achamos que devemos aproximar-nos dos nativos e com eles interagir no sentido de nos aproximarmos. E esforçamo-nos por isso de uma forma muito superior para nos chegarmos aos nativos do que eles para se chegarem a nós. Até podemos, alguns, penetrar no sistema e virarmos nativos, mas a educação nunca poderá prescindir das duas facetas.As novas tecnologias dificilmente poderão ter os registos sensoriais só possíveis de obter pela interacção humana e social. Não serão emoticons a substituir esses registos ou viraremos autómatos.Mas que estou eu a dizer? Testes feitos e se não sou, fico-me pelo quase, quase, ... nativo. Mas confio que havemos de encontrar um ponto de equilíbrio entre todos e deixar as designações de nativos e imigrantes para nos chamarmos de... "nativigrantes" ou por aí perto!E estes "nativigrantes" serão os vencedores do futuro porque conseguirão sustentar um passado de experiências e grandes conhecimentos e associá-lo a um presente e futuro tecnológicos, evoluídos, dignos do Homem...

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