sexta-feira, 17 de julho de 2009

REFLEXÃO FINAL

Com este trabalho termina um percurso semestral, levado a cabo na Unidade Curricular "Media Digitais e Socialização", do Mestrado em Comunicação Educacional Multimédia da Universidade Aberta.
Todo o processo foi bastante enriquecedor, fazendo com que reflectisse sobre assuntos para os quais já me sentia bastante motivada, e a metodologia utilizada, em que todos os temas, das diferentes actividades desenvolvidas, se iam interligando e complementando, permitiu que também o conhecimento e as competências adquiridas se fossem desenvolvendo.
Os trabalhos de grupo resultaram na construção partilhada do conhecimentos, onde foi essencial a interacção, cooperação e troca de ideais e competências entre os diferentes elementos dos grupos.
Inicialmente tomámos contacto com a terminologia da "Cultura Digital" e das diferenças existentes entre Imigrantes e Nativos Digitais, estudámos diferentes media digitais mais utilizados pelos jovens, o que me fez ter uma primeira consciência das alterações que estes provocam nos nossos jovens, na construção das suas identidades, nas formas como comunicam, pensam e interagem, tornando-os em seres muito mais exigentes.
Esta análise/reflexão levantou algumas preocupações, quer a nível de segurança quer ao nível do acompanhamento que lhes é dado.
Sinto que, depois deste processo, estou mais preparada para perceber como os jovens encaram a utilização dos media digitais na construção da sua identidade e na socialização e poder orientá-los para uma utilização das TIC, quer em contexto educacional quer pessoal, de uma forma mais criativa, consciente, cívica e responsável.
Foram várias as questões levantadas/analisadas e reflectidas ao longo deste curso sobre as quais deixo aqui umas breves considerações:


O ser digital também pode ser visto como a identidade que a pessoa cria online, o self que é criado pelo que se faz online e todos os registos online do "eu" - o self que se descobre quando se "pesquisa" uma pessoa. Será o self digital o self real? As identidades criadas online serão consistentes com as identidades offline? Ou seja, por outras palavras, existem uma face real e uma persona, uma ciberface? (Suler, 2003)

A grande questão dos jovens e adolescentes passa por tentarem responder "Quem Sou Eu?" e, segundo a teoria de Erikson, a utilização das TIC permite-lhes desenvolverem um sentimento de quem são, começando a desenvolver metas, opiniões, atitudes e muitas outras características. Para Turkle (1984) a relação com um computador influenciam a identidade. "Através da Internet podem explorar as suas identidades" (Calvert, 2002).
Ao utilizarem ferramentas como Blogues - com narrativas em curso - redes sociais (Hi5, Facebook, etc) - como representação de si próprios- ou IM (chats), criam experiências valiosas que exploram a identidade. Avaliam reacções, criam ou reforçam relacionamentos e conseguem ultrapassar barreiras impostas pelos contactos presenciais, pois muitos jovens sentem-se mais desinibidos mantendo o anonimato, não sofrendo assim de esteriótipos negativos e estigmas inferiores. "Anonimato na Internet permite experimentações com uma identidade social em comunidades que estão isoladas daquelas da vida real" (Turkle, 1995)
Para Huffaker e Calvert (2005) a identidade é caracterizada pelas caracteristicas inter-pessoais. O mundo virtual permite-lhes mais flexibilidade em explorar a sua identidade com a sua linguagem, o seu papel no jogo e as personalidades que supõem.
A linguagem utilizada na Internet (Netspeak) é um discurso emergente cuja forma é dada pela criatividade. Introduz-se acrónimos, jogos ou variações das palavras, ícones gráficos que representam emoções ou pessoas reais (avatares).
Os jovens através da utilização da Internet, das suas ferramentas e aplicações, constroem, desenvolvem competências, fazem escolhas, associam-se a grupos, revelam-se e inventam-se.

Calvert, S.L. (2002). Identity construction on the internet. In S. L. Calvert, A. B. Jordan, & R. R. Cocking (Eds.), Children in the digital age: Influences of electronic media on development (pp. 57-70). Westport, CT: Praeger/Greenwood.

Suler, John (2003), The Psychology of Cyberspace [online], Department of Psychology, Rider University. (Consultado em 17/07/09)

Turkle, S. (1984). The Second Self: Computers and the human spirit. New York: Simon & Schuster.

Turkle, S. (1995). Life on the screen: Identity in the age of the Internet. New York: Simon & Schuster.

Huffafer, D.A., e Calvert, S.L. (2005). Gender, identity, and language use in teenage blogs. Journal of Computer-Mediated Communication, 10 (2), article 1. http://jcmc.indiana.edu/vol10/issue2/huffaker.html (Consultado em 17/07/09)




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